domingo, 16 de agosto de 2009

Rapelay (1) - o papel aceita tudo e os games também?

Bom, dizem que o papel aceita tudo. Aí o que aconteceu? Várias coisas foram escritas e surgiram gêneros e subgêneros da literatura e da subliteratura.

Mas papel não é só texto, é também fotos, ilustrações, quadrinhos, que também ganharam gêneros e subgêneros. (E aproveitando para comentar: é errado dizer que literatura é a arte em papel e que todo o resto é subliteratura e portanto não é arte. Quadrinhos não são subliteratura, são uma outra categoria e dentro dela há produções que merecem o status de arte ou não. Assim como nem todo subgênero da literatura - literatura policial, jornalismo, etc - pode ter status de arte.)

E surgiram novas mídias como vídeos e games.

Tentando contextualizar "Rapelay": É um subgênero dentro dos games (e aliás, se estão discutindo se game pode ter status de arte, esse subgênero não está nessa discussão, é apenas para atender a demanda de um certo público e só). Remontando à evolução das mídias, na literatura já existia Marquês de Sade, surgiram revistas com fotos e quadrinhos para agradar esse público, e visto por esse ponto de vista, seria natural que surgissem games assim.

Gêneros... tô aqui pensando que quando se cria um gênero não há limites dentro dele. Podem surgir personagens mais sádicos que Sade, mais maquiavélicos que Maquiavel, mais eróticos que Eros.

Não sei se Rapelay ultrapassou Sade (outra coisa que ainda não vi...) , mas provocou discussões, em parte causadas pelo choque na transição de mídias: mesmo existindo literatura erótica, as primeiras revistas eróticas com fotos foram alvos de polêmicas pelas implicâncias que a nova mídia envolvia para quem via as fotos, para o fotógrafo, para a modelo fotográfica.

No caso de games, essa nova mídia envolve jogar com personagens, ou seja, o jogador, na sua casa toma decisões e atua como personagem do game. Daí o chocante é que em Rapelay promete a sensação de ser um estuprador!

Como para quase tudo, um dos primeiros lugares onde faço pesquisas é no Youtube (embora como youtube não aceita cenas inapropriadas, o que acharemos seja mais leve).

Para começar, achamos uma matéria da MTV Brasil que mostra um pouco da polêmica:



Achamos também algumas cenas do jogo. Dizem que esse jogo é famoso pela qualidade das cenas, mas os movimentos dos persoangens são meio "duros", com padrões repetitivos e observe que quando se aproximam uns dos outros ou de objetos (como mesas), os corpos deles atravessam, ou seja, são intangíveis (como a Kitty dos X-men, que atravessa paredes) quando deveriam ser tangíveis pois 2 corpos não ocupam o mesmo lugar (nossa, que falha!)!



Desculpem o comentário engraçadinho, mas se as cenas de penetração forem assim, não são nada excitantes :0)

Embora isso me lembre de algo que comentei num dos primeiros posts desse blog: quando os autores não conseguem fazer um desenho excitante, eles tentam excitar pelo contexto, quando muitas vezes acabam apelando para situações de dominação e humilhação. Será que é o caso?

Por outro lado, nesse vídeo as imagens são melhores:



Aí tem o o outro lado que também já comentei: se as imagens são boas e mesmo assim as situações são apelativas, esse resultado é motivado pela forte concorrência entre as produções do gênero.

Atualização: Numa lista de e-mails recebi uma dica interessante sobre porque não haveria limites no erotismo da ficção, e vou tentar formular desse jeito: quem vai experimentar novos fetiches "ao vivo", ou seja, usando o seu próprio corpo para novas brincadeiras estabelece limitações para si mesmo (do seu corpo, mente, valores morais, redes sociais). Já o consumidor de pornografia não lida com esses limites e o grau de profanação pode ser maior.

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