sexta-feira, 31 de julho de 2009

líquidos (um dos clichês)

Uma consideração inicial que não hentai, aliás que não é nem mangá: líquidos saindo do corpo são usados por quadrinhos em geral de vários gêneros e países como elementos dramáticos.

Pois bem: na vida real conhecemos gente que fica extremamente triste, mas não chora. Já nos quadrinhos, você vai penar muito para achar os tristes e emocionados que não choram.


Como recurso dramático, elas podem suprir algo que não pôde ser transmitido de outra forma, principalmente em termos de desenho: para o desenhista, é difícil fazer os personagens expressarem diferentes caras e por isso é mais fácil desenhar a lágrima para expressar a emoção, a baba saindo da boca para indicar vontade de comer ou uma tentação, a testa suando para expressar preocupação, e por aí vai. (eu disse principalmente em termos de desenho, pois uma cena repentina de choro pode ser também uma mudança dramática no texto que o roteirista não soube preparar de forma a ser uma tristeza gradual)


Um exemplo simples: de vez em quando o Malvadinho (dos Malvados de André Dahmer) também chora, apesar de ser um personagem que nem pernas tem! Quer dizer, comparando a cara normal do Malvadinho e a sua versão triste ou preocupada, só foi acrescida uma lágrima ou um suor (e aqui como quadrinista confesso: o desenho da lágrima ou do suor são os mesmos, só mudo de lugar na hora de colar: na cabeça é preocupação, debaixo do olho é choro).

E como recurso dramático, pode haver o exagero também: uma baba saindo da boca e indo ao chão, significa que o personagem tá com muita vontade de comer. Muito suor saindo e até pulando, indica muita preocupação, uma situação de saia justa por exemplo. E o choro virando cascata pode servir para mostrar uma pessoa birrenta ou chorona.





No hentai, o exagero dos líquidos saindo das partes genitais chega a níveis bizarros. Teorizando, pode ser que assim como os outros líquidos viraram recursos dramáticos, o suco vaginal também virou um recurso dramático para dizer que as personagens estão excitadas, sendo que já virou clichê diálogos assim:








- E-eu... não quero!


- Mas não é o que diz a sua cara, e principalmente sua bocetinha (close na genitária soltando líquido, sem roupa ou molhando e macnhando a roupa)



Aliás uma revista (Animax, acho) comentou que é muita baba, lágrima e suor. A lágrima é para a personagem mostrar sua emoção-surpresa e em alguns casos, emoção-alegria, as lágrimas ficam aos redor dos olhos sem cair quando elas estão para se entregarem aa quem elas amam. E tem também a lágrima pois elas estão sendo humilhadas ou está doendo um pouco, como na imagem ao lado.


E quanto ao suor, apesar de tudo, só em alguns casos (como orgia) indica cansaço. Se pensarmos bem, é porque nas produções pornôs não gostam de mostrar que os atores estão fazendo um esforço muito grande para o ato. Em alguns casos, parece ser um daqueles suores frios (sem esforço físico), que na vida real nós soltamos muito raramente, mas no mangá aparece por qualquer coisinha, indicando emoção... ou ainda talvez seja meramente decorativo, como na imagem do lado esquerdo (uma capa), em que algumas gotículas cobrem o corpo da personagem mesmo sem estar nada acontecendo.


E os líquidos masculinos? Bem, a ejaculação merece uma observação especial: acontece que nos filmes pornôs japoneses as genitárias têm ser censuradas, é lei. Daí que a ejaculação é uma forma de mostrar que o ator gozou, já que o líquido não é censurado (ah, e só por curiosidade: o ânus não é censurado. Só começa a aparecer tarja ou mosaico quando a genitária se aproxima).


OK, mas até onde é recurso e começa a entrar a tara? Sim, pois existe também a tara pelos líquidos gozozos, uma prática chamada de "Bukkake" no Japão, o que dá origem a vídeos como desse link (no caso a atriz é a Aoi Sora... sei lá, de repente dar nome a essas trabalhadoras é melhor do que dizer que é só mais um vídeo de "chupadora" ou algo assim).


O caso mais absurdo... bem, vejam o diálogo:


- (Garota bate punheta para garoto) UAU, seu pinto não para de crescer! (obs: aí também é meio absurdo pois o pênis normalmente só tem dois tamanhos: o excitado ou não, após excitado não parar de crescer é estranho...)


- (garoto) ai, vou gozar, AH! AHHHH!


- Nossa, seu safado, esguichou até no teto!


Bom aí você pensa, caramba, imagina na hora da penetração! E páginas à frente isso se consuma (ah, sim a garota diz "seu pinto cresce cada vez mais dentro de mim" ?!) Aí ele goza e a barriga da garota dá um efeito parecendo balão de água: cresce um pouco de volume no alto e depois encolhe para solta soltar um Chuááá de líquido.


E em termos dramáticos, o sêmen masculino muitas vezes indica que as personagens foram abusadas numa orgia, ou seja, receberam muito sêmem. (Aliás a viscosidade do sêmem não é tanta assim a ponto de formar uma baba de um metro não!)




Para finalizar o post, o caso mais absurdo e surreal disso tudo acontece em "Liquid", título bem adequado para esse mangá hentai (2 imagens abaixo).



Aí alguém fala, que nojo! Pois é, mas aí faço mais uma teoria: no hentai é menos nojento do que ver acontecendo com atores reais pois o líquido se banalizou como o sangue dos filmes trash de terror: já faz parte da estética e nem mais se reproduz com realismo a viscosidade ou o cheiro. Pois nos filmes de terror é assim: vai se espalhando sangue simplesmente como se fosse um líquido vermelho, taca nas roupas e na parede e as pessoas nem se chocam, parece que aconteceu o mesmo com os líquidos do hentai.

Clichês mais comuns (1)

Bom, primeiro clichê é que o sexo acontece muito rápido, isso é óbvio, mas dita muita coisa, incluindo o ritmo da história, que é mais ou menos assim: uma introdução com os personagens vestidos aparecerem, ou melhor, as personagens. Aí entra o clichê de muitas vezes vestirem roupas de colegial, serem enfermeiras, etc. Como há o fetiche com roupas e situações (desde transar dentro de escola até o que acho mais bizarro, que é orgia dentro do trem), temos personagens vestidas na introdução e aí algo acontece para elas tirarem a roupa toda ou parcialmente, dependendo do apego ao fetiche. Pois se pensarmos bem, a roupa mais fácil de tirar é o chapeuzinho da enfermeira, mas pode acontecer de "acidentes" fazerem toda a roupa da enfermeira rasgar mas o chapeuzinho continuar lá! E assim geralmente se passa à cena de sexo (ah, sim, de vez em quando se faz sexo com roupa mesmo, principalmente quem tá de saia, ou se faz um rasgo nada discreto na calça)


Mas tem também as histórias que já começam com o sexo, sem nenhuma introduçãozinha. Tem as que já começam no meio de uma orgia.


Bem, assim o ritmo da história é geralmente de introduções ou interlúdios rápidos e cenas de sexo demoradas e detalhadas.


Suspeito que com essa onda de vídeos online (que dizem que afeta outras dramaturgias), muitos sites pornôs mostram o sexo já acontecendo (em muitos casos porque o vídeo original foi cortado em várias partes), o que pode fazer com que mais gente passe a preferir o sexo sem introdução.


Aliás estamos falando em termos de roteiro, de historinhas, mas tem os que gostam disso em termos de sexo: ou seja uma transa que acontece repentinamente, "no seco" (sem a mulher estar excitada e lubrificada).


Se o hentai influencia as pessoas, isso é um perigoso se colocado em prática e onde entra o limite entre a realidade e ficção: um dos clichês hentai é que mesmo quando a mulher (ou menininha) é penetrada à seco, logo fica molhadinha, lubrificada (para não dizer, molhada a níveis absurdos, dependendo da apelação do desenhista), e depois de um tempo acaba gostando. Por exemplo, na situação bizarra de sexo dentro do trem: é óbvio (pelo menos para meu juízo) que no trem as mulheres não estão esperando serem penetradas de repente, mas isso acontece no hentai, e elas logo ficam excitadas e começam a pedir mais, ah, e geralmente não saem machucadas, e quando se machucam, são marcas de tapinhas, beliscõezinhos, chicotadas (....epa!) mas a vagina delas é como se fosse um músculo que não se machuca, mesmo quando são introduzidos objetos que estão muito na cara que não são apropriados. Quando isso acontece, elas dizem que doeu um pouco, mas que foi uma dor gostosa... Bom, isso na vida real é um perigo danado, pois a vagina não é esse músculo-maravilha e isso pode ser um trauma nem um pouco prazeroso.

Porque nascem tantos hentais?

É um mercado que dá dinheiro, obviamente. O mercado de conteúdo adulto é poderoso, mas tão poderoso que quando havia a briga HD-DVD x Blu-Ray, dizem que 2 nichos iriam decidir a disputa: o pornô que tava apostando no HD-DVD e os games que tavam apostando no Blu-ray.

E também os mangás também estão conquistando mercados. Somando essas coisas, os mangás de conteúdo adulto conquistam espaço como movimento natural do mercado. Ah, sim, nem tudo que é mangá erótico ou adulto (uma coisa não é outra) é hentai, tem por exemplo o gênero Yaoi, de homossexualidade masculina. Porém, como a maior parte do mundo é de cultura patriarcal/machista, é o hentai que vai se expalhando.

Mas há mais um fator: para os mangakás (os autores de mangás) Hentai é muitas vezes a porta de entrada para o mundo dos mangás e uma retaguarda para os tempos de vacas magras.

Em outras palavras, Não só autores que gostam ou se especializam no gênero produzem, muitos iniciantes produzem hentai para início de carreira e muitos veteranos que se especializaram em outros gêneros também o fazem para ganharem uma grana extra.

No mundo do cinema e TV, atores/atrizes escondem quando começaram a carreira por produções pornôs (como a Vera Fischer) e os veteranos evitam essa via temendo má repercussão (Leila Lopes foi corajosa quando entrou para as Brasileirinhas).

Enquanto isso, é como se no mundo dos mangás ninguém tivesse muita vergonha por ter feito hentai, mesmo quando são autoras mulheres (e lembrando que os hentais são basicamente produção para público masculino).

Por exemplo, nas imagens ao lado temos trechos da entrevista com a mangaká Hitsuko Hara para a "Manga Tekunikku" (págs 124-125) em que ela diz que continuou a produzir mangás eróticos mesmo algum tempo após ter tido filho, mas que pretende parar pois não se sente à vontade com o gênero.

O que acho curioso é que já vi hentai que provavelmente era produzido por aspirante a shojo mangá (mangá para meninas). O traço era de shojo e havia aquele clima romântico, mas com sexo explícito e que acontecia repentinamente.

E do mesmo modo, tem hentai sendo produzido por aspirante a mangá de ação, cômico, histórico, etc. É de fato curioso: são mangás com introdução e traços que tentam mostrar a aptidão do artista para o gênero com que quer trabalhar no futuro, mas no meio inserem sexo para ser encaixado no gênero hentai.

Não tenho dados, mas acho que do mesmo modo que atores/atrizes pornôs tentam interpretar bem para mostrar sua performance para futuras produções não-pornôs, imagino que os mangakás também incluem sua produção hentai no seu currículo para mostrar que tem capacidade para fazer aventura, comédia, etc.

POR QUE O HENTAI É UMA PORTA DE ENTRADA PARA O MANGÁ?

- Provavelmente conta como participação numa publicação o que é sempre bom para o currículo do artista

- Some-se à isso que aparentemente não é vergonha ter passado por esse gênero (o mangá Hellsing - que até virou animação depois- originou-se a partir da versão hentai!)

- As histórias podem ser curtas, o que é sempre mais fácil de planejar que as séries longas semanais ou mensais. Após a publicação nos títulos semanais ou mensais (aqueles volumes em papel de baixa qualidade que parecem listas telefônicas), as histórias ganham antologia, geralmente por autor. Ter cerca de 200 páginas lá é considerado pouco pois só origina um volume tipo "tankoobon", que é o nome das antologias em formao menor e com qualidade um pouco melhores

- Claro que o fato das histórias poderem curtas traz vantagens editoriais também, o que facilita a publicação. Imagino que para um editor de hentai é mais fácil trabalhar pois se um autor não consegue terminar o trabalho a tempo, ele pode recorrer facilmente a outro sem se preocupar com a continuidade da série (já que as histórias costumam ser "yomikiri", ou seja, começam e terminam num episódio só)

- Os desenhos precisam ser pornográficos e minimamente excitantes, contudo, não é preciso saber técinicas avançadas. Já vi um hentai que o autor parecia que só sabia desenhar as pessoas de frente, costas e lado, não conseguindo fazer a visão de diferentes ângulos. E com muitos personagens aparecendo de corpo inteiro (e de pé) os quadros eram muito alongados, e a impressão era de que foi desenhado primeiro os personagens de corpo inteiro para desajeitadamente pensar em completar a página com cenas que dessem algum movimento à história e explicassem porque de uma cena passou à outra... Mas como conseguiu desenhar cenas de sexo nesses ângulos e o desenho era minimamente bonito, tinha conseguido publicar, mas faltava desenvolver muito como artista.

hentai fantasioso ou hentai realista? (1)



Uma das questões suscitadas era se o Hentai violento poderia incentivar as práticas violentas. Alguns argumentaram que não pois seria tudo fantasioso e as pessoas saberiam distinguir realidade e ficção.

O que podemos dizer por enquanto é que alguns têm desenhos mais realistas e outros, desenhos menos realistas. Para exemplificar, temos "Round03" e "Debora", sendo que neste último temos até um personagem que não é humano.




Uma coisa que podemos comentar é que o que é menos realista parece ter traços mais infantis (ou pelo menos houve desenhos infantis com esse traço), o que suscita a polêmica se não serviria para ser atraente para os mais jovens, acarretando uma educação sexual pervertida para o adolescente...







Mas por outro lado podemos analisar como sendo destinado ao público adulto que tenha uma certa atração ou nostalgia por referências que ele viu antes (e talvez por isso haja tanto hentai parodiando produções clássicas infantis/juvenis, algo que aprofundaremos mais num outro post.)

Quando o traço é menos realista, podem ser menos excitantes. Daí que talvez certas perversões sejam exploradas para que a situação excite, ao invés de excitar o leitor com o desenho. Talvez seja por isso que tantas e tantas vezes acontece uma situação de orgia ou de completa submissão da personagem na mão dos homens. Talvez por isso, a personagem de Debora transa com mais gente do que a de Round03, pois a submissão e a orgia fazem parte do contexto excitador, para compensar o desenho menos realista.




O que não quer dizer que os mais realistas não valham dessas apelações, pois como a concorrência é grande, eles também podem incluir submissões e orgias absurdas para venderem mais.

Teorizando, pode ser que tenhamos aí um círculo vicioso: os desenhistas vendendo pouco apelam, e para não perder, os outros também passam a apelar e assim a apelação passa ser o normal, e daí para frente pode não haver limites.


Nem sei se era assim, mas suponhamos que antes casados fazendo sexo atraíam. Depois os solteiros aventureiros, depois os solteiros promíscuos, os poligâmicos, etc, etc... até chegar em hentais pesadíssimos de escravidão sexual!

Até onde sei, escravidão sexual ainda não é o tema mais comum (Ufa!), mas a troca de parceiros era muitíssimo comum, virando um clichê.